Nas três primeiras edições da Superliga feminina de vôlei, apenas uma equipe ficou com o título. O Leite Moça (SP) tinha um elenco estelar. A base era formada por uma trinca de respeito. A levantadora Fernanda Venturini, a central Ana Paula e a ponteira Ana Moser. O grupo ainda contava com as americanas Danielle Scott e Tara Cross-Battle, a líbero Ricarda e a atacante Denise. A equipe de Sorocaba, comandada pelo treinador Sérgio Negrão, venceu praticamente tudo no cenário do voleibol.
Depois de Nalbert, Virna e Maurício, a série grandes personagens da história da Superliga contará um pouco do legado de Ana Moser na competição. A ex-jogadora, que entrou para o hall da fama do voleibol em 2009, sempre foi um dos pilares das suas equipes. No Leite Moça não era diferente.
Um dos momentos mais dramáticos da história do grupo aconteceu no inicio da edição 95/96 da Superliga. No último jogo de 1995, o time de Sorocaba enfrentava a equipe de Ribeirão Preto. Fernanda Venturini levantou uma bola para Ana Moser atacar do fundo. Quando a atacante aterrissou na quadra, o pior aconteceu. Ana Moser torceu o joelho e rompeu o ligamento cruzado. Faltavam menos de seis meses para os Jogos Olímpicos de Atlanta.
“... Eu realmente queria muito estar lá. Seria a coroação do trabalho de uma geração talentosa e da minha parcela dentro disso. Já havia superado tantos obstáculos dentro e fora da quadra que seria uma ironia muito grande ficar de fora por um problema de tempo. Eu me perguntava o porquê disso estar acontecendo comigo e que caminho eu tomaria. Hoje posso dizer que a fé remove montanhas, porque foi com ela que eu me ergui e dei o primeiro passo...”. Trecho do livro Ana Moser: Pelas minhas mãos”.
Menos de seis meses depois da operação, Ana Moser estava em quadra na estreia da seleção feminina nos Jogos Olímpicos de Atlanta, inspirando não somente todo o grupo brasileiro, mas milhões de torcedores. A atacante saiu dos Estados Unidos com uma honrosa medalha de bronze em uma Olimpíada marcada pelas conquistas das mulheres brasileiras.
Ana Moser tem boas lembranças dos anos dedicados ao voleibol. Na Superliga, a atacante defendeu, além do Leite Moça, o Dayvit (SP), o Mizuno/Uniban (SP), a Universidade de Guarulhos (SP) e o BCN/Osasco (SP). Ao todo, foram dois títulos pela equipe de Sorocaba.
“O Leite Moça foi um grupo marcante. Tínhamos um grande time. Lembro de uma semifinal da Superliga contra a equipe do Minas, que contava com a Márcia Fu. Estávamos perdendo por 2 sets a 1 e conseguimos virar o jogo. Hoje, a Superliga é um dos melhores campeonatos do mundo”, disse a atacante.
Unilever e Sollys/Nestlé como favoritos
Para Ana Moser, mesmo com a chegada de novas equipes, Unilever (RJ) e Sollys/Nestlé (SP) continuam à frente dos demais na busca pelo título da edição 2012/2013.
“A equipe do Amil/Campinas deve dar trabalho, mas o Sollys/Nestlé e a Unilever, pelos elencos, continuam sendo os favoritos,”, afirmou Ana Moser.
A ex-jogadora é hoje presidente do Instituto Esporte e Educação, que tem como objetivo contribuir para a formação do cidadão crítico e participativo, por meio da educação física e esporte, favorecendo o desenvolvimento de comunidades de baixa renda.